Projeto “Ler é Legal” promove inclusão com treinamento em Libras para colaboradores da Justiça
Lara Bibiano
“Toda vez que eu participo de um curso do ‘Ler é Legal’ aqui no Fórum, me emociono pelo aprendizado que estou tendo e lembro da época em que era morador de rua e não tinha essas oportunidades de aprendizado que tenho hoje”. As palavras de Luís Carlos da Silva, auxiliar de serviços gerais do Fórum Clóvis Beviláqua (FCB), traduzem a emoção e a importância das atividades do projeto “Ler é Legal”. Na edição mais recente, realizada nesta terça-feira (12/11), colaboradoras e colaboradores da Seção de Manutenção e Zeladoria participaram de um treinamento em noções básicas de Língua Brasileira de Sinais (Libras) e interagiram com três surdos que atuam no Judiciário estadual.
Luís Carlos faz questão de participar do “Ler é Legal”
A iniciativa da Diretoria do Fórum, por meio da Seção de Capacitação (Secap), visa a promoção e a desenvolvimento profissional de colaboradores do setor de Manutenção e Zeladoria, estimulando a leitura e a interpretação crítica de textos. Realizado semanalmente, sempre às terças e quintas-feiras, o projeto “Ler é Legal” oferece aos participantes não apenas uma formação de leitores engajados, mas também oportunidades para expandir seus horizontes culturais e intelectuais. Desta vez, além da leitura, a formação incluiu a capacitação em Libras para melhorar a comunicação e o acolhimento de pessoas surdas no ambiente de trabalho.
INCLUSÃO E COMUNICAÇÃO
Para Mariah de Oliveira, chefe de equipe da zeladoria do Fórum, a capacitação é um passo essencial em direção à inclusão. “Participo do ‘Ler é Legal’ desde o começo e esse treinamento tem sido muito importante e útil. Nós temos uma grande quantidade de surdos que vêm ao Fórum e trabalham aqui também, e a gente precisa desse tipo de treinamento para incluí-los e ajudá-los. Só o fato de aprender a dizer bom dia, boa tarde ou boa noite já melhorou minha relação com eles, agora posso cumprimentá-los”.
Mariah está entusiasmada com o treinamento em Libras
Francisco Bernardo, colaborador surdo que atua no Setor de Distribuição do FCB, participou do treinamento para que os colegas pudessem praticar o uso de Libras e reforçou a relevância da iniciativa. “Antigamente não havia nenhuma comunicação, e é muito importante conseguirmos, ao menos, comunicar o básico. Isso melhora nossa interação com todo mundo que trabalha aqui”, afirmou.
Francisco quer que mais colegas aprendam Libras
LIBRAS NO COTIDIANO DA JUSTIÇA
Com o apoio da equipe de Libras do TJCE, coordenada pela intérprete Kalinca Nascimento da Cruz, o treinamento em Língua Brasileira de Sinais trouxe um novo significado ao cotidiano dos participantes. “É um belíssimo trabalho realizado por vários facilitadores, com o apoio da Secap. Ensinamos noções básicas em Libras com o objetivo de proporcionar aos aprendentes um contato real com uma língua essencial ao nosso dia a dia”, explicou Kalinca.
A intérprete destacou ainda que, além do aprendizado, o treinamento representa um avanço na integração de pessoas surdas: “Compartilhar algo útil e de valor para uma sociedade minoritária é um passo grandioso para o desenvolvimento e evolução da inclusão de todos. Cada retorno positivo que recebemos dos alunos é gratificante. Usamos didáticas simples e, ao vermos que eles já sinalizam entre si pelos corredores, percebemos que os objetivos estão sendo alcançados”.
No Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), a equipe de intérpretes e tradutores de Libras auxiliam a comunicação de colaboradores surdos, bem como o atendimento de pessoas que buscam atendimento no FCB e precisam desse suporte. Os profissionais também trabalham em grandes eventos e nos julgamentos das Seções de Direito Público, Direito Privado e Criminal do TJCE, além do Órgão Especial e do Pleno.